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OS MORTOS E O DISCURSO

  • Foto do escritor: Jorge Amorim
    Jorge Amorim
  • 9 de jul.
  • 1 min de leitura

Se é tempo de armas

E de outras calamidades

O verniz se apaga

Finda o seu brilho

Sua camada se descasca

E eis o animal


Sob pele rasgada

Vê-se a matéria real

A nudez dos seres


Vê-se o assombro

Os rios não domesticados

As águas mais turvas


Vê-se o fogo alto

Estrondos de lado a lado

E mortos que falam


Mortos que discursam

Sem o uso de palavras

Um discurso duro


Como se os corpos

Fossem agora tribunos

Depois de imolados


Algo a desafiar

Tanto a fala dos arcanjos

Quanto a dos demônios


A desafiar sons

De tiros, de marcha fúnebre

Ou marcha marcial


Rente ao mutismo

A eloquência é dos mortos

Fluentes na desgraça



Recorte do quadro "Guernica" (Picasso)
Recorte do quadro "Guernica" (Picasso)







 
 
 

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